1. O que significa Transtorno de Personalidade Borderline?
2. Quais os sintomas do Transtorno de Borderline?
3. Entenda melhor as características do Borderline
3.1 Variações de humor ao longo do dia
3.2 Problemas de autoestima
3.3 Alternância brusca de emoções
4. Transtorno de Borderline e os reflexos nos relacionamentos
5. Transtorno de Borderline ou Transtorno Bipolar?
6. O que são casos graves ou crises de Borderline?
7. Entenda melhor as principais características do Borderline
7.1 Humor disfórico
7.2 Baixo limiar para frustrações
7.3 Autoimagem negativa
7.4 Ambiente familiar e traumas na infância
8. Como funciona o cérebro no Transtorno de Borderline
9. Causas do Transtorno de Personalidade Borderline
9.1 Formação da personalidade
9.2 Alterações cerebrais
9.3 Genética
10. Como é feito o diagnóstico do Transtorno de Borderline?
11. Existe um exame para diagnosticar Borderline?
12. Qual o tratamento para Borderline?
12.1 Psicoterapia melhora o quadro clínico do paciente com Borderline
13. Existe um medicamento para tratamento de Borderline?
14. Quando são utilizados medicamentos para Borderline?
14.1 Antidepressivos para Borderline
14.2 Antipsicóticos para Borderline
14.3 Estabilizadores de humor para Borderline
15. Existe cura para Borderline?
O Transtorno de Personalidade Borderline, também chamado de transtorno de personalidade limítrofe, ou simplesmente Borderline, tem esse nome porque antes acreditava-se que as pessoas com nessa condição estavam no limite, ou à beira, da neurose (quadro de ansiedade) ou da psicose (delírios e alucinações).
As pessoas com essa personalidade apresentam desde cedo, principalmente a partir da adolescência, um padrão de personalidade instável.
Esse transtorno é caracterizado pelas mudanças súbitas de humor, por isso bastante confundido com o diagnóstico de Transtorno Bipolar. No entanto, algumas das características mais comuns são:
O padrão de instabilidade, diferentemente do Bipolar, vem com variações de humor ao longo de um mesmo dia. Sabe-se que essas variações bruscas ocorrem devido ao baixo limiar para frustração que o Transtorno de Personalidade Borderline apresenta, ou seja, qualquer pequena frustração pode levar a reações de irritação ou entristecimento, por menor que seja.
É como se a pessoa conseguisse enxergar a si mesma com uma lente de aumento para todos os defeitos que possui e não percebesse suas qualidades, mantendo uma percepção negativa de si mesmo.
As pessoas com diagnóstico de borderline têm momentos de alternância brusca de emoções. Então, alternam com episódios de fúria, tristeza, ansiedade ou irritabilidade, de forma repentina.
Muitas vezes, apresentam comportamentos descontrolados entre pessoas de seu convívio mais íntimo. Esses sintomas começam a se manifestar mais frequentemente na adolescência e se tornam mais comuns no início da vida adulta.
Em relação aos relacionamentos, existe um padrão conflituoso — seja com amigos, familiares, ou em relações amorosas. Há uma dualidade entre o amor e o ódio.
A pessoa com Transtorno Borderline é aquela que consegue mostrar para as pessoas com quem se relaciona uma grande capacidade de amar, mas também é capaz de mostrar momentos de ódio quando se sente rejeitada de alguma forma.
Outro ponto, é que há uma tentativa constante de tentar agradar o outro, para não sofrer o abandono. Isso sinaliza um padrão de sofrimento psíquico constante.
Como dito anteriormente, o Borderline é confundido principalmente com o Transtorno Bipolar na fase de mania/euforia, mas a duração e intensidade das flutuações emocionais é diferente.
No Borderline tudo é mais intenso e rápido, tanto no tempo das variações de humor, quanto na intensidade. Por isso, é fundamental receber a avaliação de um psiquiatra para diagnosticar adequadamente e iniciar o tratamento correto.
Em alguns casos mais graves, pode ocorrer automutilação e até suicídio, devido à enorme sensação de mal-estar interior juntamente com a impulsividade.
Ocorre que os portadores desse transtorno têm medo que suas emoções fujam do seu controle, demonstrando tendência para se tornarem irracionais em situações de maior estresse e criando uma grande dependência dos outros para conseguirem estarem estáveis.
Assim, ao mesmo tempo o medo do abandono é constante exatamente pela percepção negativa de si mesmo.
Muitas vezes, é algo alimentado pelo medo do abandono. Devido a um passado traumático, as ações simples e as reações dos outros ao seu redor podem ser interpretadas como sinais de rejeição, negligência e abandono.
Dessa forma, deixa-os com raiva ou irritados sem motivo aparente. Inclusive, esse mau humor é expressado, muitas vezes, com intensidade desproporcional à situação real.
Também alimentado pelo medo do abandono, é uma característica com muitas repercussões negativas para as relações interpessoais. Então, mínimas frustrações podem levar a quadros de irritabilidade ou tristeza.
É uma das principais características dessa personalidade.
A pessoas com Borderline não consegue enxergar-se de forma positiva, não encontra suas qualidades e, por vezes, acredita que não merece suas conquistas. Isso porque apenas enxerga seus defeitos.
Sendo assim, vê seus pontos negativos de forma exagerada e pode considerar-se muito ruim. Tudo isso também alimenta outros sintomas como, por exemplo, a dependência do outro.
É importante destacar que para a formação de uma personalidade devemos levar em consideração a genética e o ambiente no qual foi formada essa personalidade.
Muitas vezes, pessoas com Transtorno de Borderline relatam ter tido uma infância conturbada. Por isso, a formação dessa personalidade pode ser consequência direta desse ambiente familiar instável.
Fatores como ter pais de personalidade difícil ou viver em um ambiente de brigas podem estar ligados aos traços da personalidade Borderline. Além disso, traumas como abuso emocional, verbal ou sexual durante a infância também podem contribuir para esse quadro.
Algumas alterações no cérebro são fatores que também podem contribuir para o surgimento de traços da personalidade Borderline.
Isso porque existe uma falha na formação do córtex pré-frontal, que é a região do cérebro onde se organizam as emoções. Como consequência, as pessoas com esse diagnóstico estão mais predispostas à impulsividade.
O fato é que a falha dessa região cerebral ocasiona, entre outros desdobramentos, uma falha no controle das emoções, o que gera o aumento do comportamento impulsivo.
As causas do transtorno de personalidade Borderline ocorrem por dois fatores principais, só que, primeiro, precisamos entender quando a personalidade de uma pessoa é formada.
A personalidade é formada desde a infância até o final da adolescência e início da fase adulta. Portanto, as vivências que a criança e o adolescente passam são responsáveis diretamente pelos traços de sua personalidade no futuro.
Isso significa que uma infância e adolescência conturbadas, com abusos físicos e psicológicos, podem ser preditores da instabilidade encontrada nos pacientes com diagnóstico de Borderline.
Mais acima, comentamos sobre as alterações cerebrais presentes nas pessoas com Borderline, que são no córtex pré-frontal dos pacientes e estão relacionadas à impulsividade.
Essa falha na formação cerebral mostra uma clara falha no “filtro” das ações de uma pessoa, tão necessário no dia a dia. Por isso, vale pontuar que um córtex pré-frontal bem formado é extremamente útil para relações interpessoais e até para a forma com a qual a pessoa lida consigo mesma.
Já que falamos da falha na região do córtex cerebral, é preciso dizer que essa formação tem fundo genético. Então, a genética acaba sendo colocada como uma das principais características da formação da personalidade de um indivíduo.
O diagnóstico de Borderline é feito através da descrição do comportamento relatado pelo paciente e pelas características observadas por um especialista em análise das alterações do comportamento humano, isto é, por um médico psiquiatra.
São exames clínicos. É importante fazer exames clínicos para a exclusão de outras doenças que também podem explicar os sintomas apresentados.
O tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline deve ser iniciado com sessões de psicoterapia, que podem ser feitas individualmente ou em grupo. Vejas algumas das mais comuns:
Psicoterapia também ajuda para o tratamento de ansiedade, saiba detalhes em: Afinal, o que é ansiedade?.
Todas as formas de psicoterapia levam à melhora do quadro clínico, já que buscam o autoconhecimento do paciente e o entendimento do mesmo com o mundo.
Apesar disso, vale a pena observar algumas informações importantes para entender melhor as alternativas de psicoterapia.
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) ajuda a pessoa a identificar e transformar determinados comportamentos que podem ser ruins para si mesma e a outras pessoas.
Com esse tipo de terapia, a pessoa aprende a lidar melhor com pensamentos obsessivos, fóbicos; entende e controla melhor suas emoções e também reduz a ansiedade.
Essa terapia tem como base o conceito de consciência plena. Ensina a ter mais autocontrole, lidar melhor consigo mesmo, com suas emoções e o estresse.
Ela tem como objetivo construir uma vida mais agradável, orientando seu paciente a ter habilidades necessárias para lidar com a instabilidade emocional e com os problemas graves do dia a dia.
Nessa terapia, a pessoa vai trabalhar seus relacionamentos, que podem estar muito abalados.
A terapia familiar ajuda os familiares a entender mais sobre o paciente com esse tipo de transtorno de personalidade e a lidar melhor com isso. Além de aprender técnicas para evitar conflitos e melhorar a comunicação entre todos os membros.
É uma linha de psicoterapia muito aplicada para os casos de Transtornos de Personalidade Borderline. Trata-se de uma forma de terapia que tem como um de seus fundadores o médico Sigmund Freud.
Por meio dela, o paciente cria um vínculo com o terapeuta com a finalidade de entender o que está reprimido no seu subconsciente e o que ocasiona para ele ansiedade, raiva, angústia e tristeza.
Dentro desse campo, há também outras linhas psicanalíticas como a Freudiana, Junguiana, Lacaniana e Kleiniana.
Não existe um medicamento específico, mas alguns podem ajudar a controlar sintomas do transtorno.
Porém, atenção: jamais você deve automedicar-se, pode ser muito perigoso!
Então, apenas administre remédios com a indicação de um profissional devidamente qualificado, neste caso, o psiquiatra.
Além das alternativas de psicoterapia, pode ser aconselhada a utilização de medicações que ajudam a tratar sintomas como irritabilidade, impulsividade, ansiedade e quadros de sensação de vazio.
As medicações geralmente recomendadas incluem os antidepressivos, estabilizadores de humor e calmantes, que devem sempre ser prescritos pelo psiquiatra.
Lembre-se que não há uma “receita de bolo” para o tratamento de todas as pessoas com Borderline. Portanto, cada caso deve ser avaliado individualmente. Apenas dessa forma pode-se avaliar qual a melhor abordagem psicoterápica e qual a prescrição médica, se necessária.
O tratamento é fundamental para o paciente manter o transtorno sob controle, mas requer paciência e força de vontade do indivíduo.
Em geral, pode ser que o psiquiatra oriente o uso de antidepressivos para reduzir a sensação de vazio, a desmotivação, a tristeza e os sentimentos de ansiedade.
Em outros casos, podem ser utilizados também antipsicóticos, geralmente de segunda geração (mais modernos, eficazes e com menos efeitos colaterais). São úteis para diminuir comportamentos impulsivos, autodestrutivos e até mesmo sintomas dissociativos.
Por último, os estabilizadores de humor, que são utilizados com certa frequência para diminuir a oscilação emocional.
Ainda não podemos falar de cura, tecnicamente. Afinal, trata-se de um diagnóstico da personalidade de uma pessoa humana.
No entanto, com tratamento adequado, psicoterapia acompanhada corretamente e medicações utilizadas para diminuir sintomas principais — como ansiedade, tristeza, impulsividade e pensamentos de ruína —, é possível reduzir o sofrimento da pessoa.
Além disso, pode melhorar a sua autoestima e a forma como vê o mundo. Consequentemente, melhora a percepção de si e de como os outros a enxergam, o que gera reflexos significativos na qualidade de vida e nas relações interpessoais.
Porém, o acompanhamento psicoterápico permanece indicado por muitos anos, provavelmente para toda a vida.
Como você viu, existem muitos detalhes a considerar quando falamos sobre Transtorno de Personalidade Borderline, então talvez agora você entenda porque é tão importante um diagnóstico feito por um médico especialista.
Dr. Delano Freire – Psiquiatra – CRM 206018 – RQE 81520