Trata-se de uma doença gravíssima que merece toda nossa atenção. Por não ser diagnosticada com exames laboratoriais e nem exames de imagem, a depressão é vista por muitos como preguiça ou mesmo falta de fé.
Estima-se que, no Brasil, quase 10% da população tenha tido esse quadro clínico nos últimos 12 meses. Ao longo da vida, esse número sobe para quase 20%, lembrando que essa doença já é a principal causa de incapacitação no mundo, além de ser a principal causa de morte por suicídio. E esse número vem aumentando, em razão de um contexto intensificado por estressores como a pandemia do novo coronavírus.
2. Quais os sintomas da depressão?
3. Tristeza e depressão são a mesma coisa?
3.1 Entenda as diferenças
4. Quais são as causas da depressão?
4.1 A genética faz diferença?
4.2 Dietas e atividades físicas fazem diferença?
4.3 Entenda as alterações químicas cerebrais
4.4 É uma soma de fatores
5. Quem faz o diagnóstico?
5.1 Depressão leve, moderada ou grave
6. Como tratar a depressão?
6.1 Medicamento para depressão causa dependência?
Esse quadro clínico é um transtorno mental que leva a prejuízos graves no cotidiano do indivíduo.
A pessoa acometida com depressão perde a sua vitalidade. Classicamente, a depressão apresenta dois sintomas principais: humor deprimido e falta de prazer em atividades que antes proporcionavam prazer (como, por exemplo, estar entre amigos, familiares, ou mesmo sair para passear e viajar).
A depressão precisa ser tratada por afetar seriamente a vida do indivíduo, acarretando prejuízos clínicos significativos no âmbito pessoal, profissional e nas tarefas do cotidiano. Além disso, caso não seja tratada, pode agravar problemas de ordem física e o paciente pode até desenvolver quadro de Alzheimer.
Problemas relacionados a alterações de peso (aumento ou diminuição significativa), sono (excesso ou diminuição), cansaço excessivo, diminuição da capacidade de concentração e pensamentos suicidas estão diretamente associados ao quadro clínico da depressão.
Há um leque grande da sintomatologia depressiva, veja abaixo alguns dos sintomas mais comuns:
Vale lembrar que se dois, ou mais, desses sintomas persistirem por um período acima de 15 dias o indivíduo deve procurar ajuda de um especialista em alterações de comportamento, o médico psiquiatra.
Embora a ansiedade esteja entre os sintomas da dapressão, é preciso entender o que é ansiedade: sintomas, causas, crises e tratamento.
Não.
Existe uma confusão muito grande acerca desses termos. A palavra “depressão” foi banalizada e por vezes é o transtorno é confundido com algum quadro de tristeza.
A tristeza surge por notícias relacionadas a perdas ou sofrimentos de algo importante para você. É algo natural e passamos por ela sem precisar de um tratamento psiquiátrico.
Podemos ficar tristes quando nosso time de futebol perde um jogo importante, quando não conseguimos passar no vestibular, ou mesmo se não conseguimos aquela desejada promoção no trabalho.
Um momento de alegria pode rapidamente passar e voltamos ao estado de humor prévio, já a tristeza nos acompanha alguns dias a mais.
Mas atenção: o sentimento de tristeza permanece mais tempo conosco, mas não deve ultrapassar 15 dias.
A tristeza deve ser entendida como algo passageiro, de até duas semanas. Após isso, a permanência dela, junto com sentimentos de inutilidade, indiferença e falta de prazer, acende um sinal de alerta para um quadro depressivo. Esse é o momento ideal para buscar ajuda de um profissional especializado.
Entender a diferença do quadro de depressão e tristeza é importante justamente porque a tristeza prolongada pode ocasionar e levar ao quadro depressivo.
A depressão pode surgir por 4 causas principais:
Os estressores socioambientais agudos e graves são fatores de risco bem característicos do desenvolvimento do início do primeiro quadro depressivo.
Cerca de 50 a 80% das pessoas com esse quadro relatam um estressor socioambiental grave e recente como, por exemplo, adoecimento grave na família, humilhação ou rejeição social, rompimento de uma relação.
Os estressores socioambientais crônicos, mesmo que leves ou moderados, também são fatores de risco para o surgimento do quadro depressivo.
Sim. Os aspectos genéticos aumentam em até 70% a chance de desenvolver um quadro de depressão. A probabilidade do filho ter o quadro é alta quando os pais apresentam também.
Sim. Em relação ao estilo de vida, entende-se que dietas e atividades físicas feitas com regularidade fazem diferença.
Caso o paciente apresente uma dieta rica em açúcares e gordura, o risco de desenvolvimento da depressão aumenta. Além disso, o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, drogas e certos medicamentos também podem potencializar o risco de desenvolvimento do quadro.
Outro fator que pode contribuir para a instalação da depressão é o sedentarismo.
As alterações químicas no cérebro têm relação direta com os outros fatores causais, provocando mudanças na quantidade de neurotransmissores, no sistema hipotálamo-hipófise-supraadrenal, no sistema imune, além de afetar outros mecanismos neurobiológicos.
Vejam que não há um único fator responsável para o desenvolvimento da depressão e, sim, a somatória de múltiplos fatores, alguns já citados acima. É essa combinação que compõe o quadro clínico da depressão.
O diagnóstico de depressão é feito pelo médico psiquiatra em uma consulta.
Na ocasião, o profissional investiga os aspectos da vida do paciente, suas relações interpessoais e do cotidiano.
É sempre interessante solicitar exames laboratoriais para descartar causas orgânicas. Dessa forma, pode ser feito um tratamento mais adequado.
É necessário que seja identificado o grau da depressão. Isso porque ela pode ser classificada como depressão leve, moderada ou grave.
De acordo com o grau, o psiquiatra vai propor o tratamento medicamentoso mais adequado, além de trabalhar sobre diversos outros pilares como alimentação, sono, atividade física regular, relações de trabalho e psicoterapia.
Hoje em dia o tratamento é bastante eficaz. Mesmo assim, para otimizar o tratamento, o melhor é avaliar o grau da depressão e verificar se existe histórico de tratamento prévio.
Caso exista, pode ser proposto novo tratamento com antidepressivo, além de orientações para estimular mudanças no estilo de vida (alimentação, sono, atividade física) e para psicoterapia.
Na verdade, as medicações funcionam na reorganização dos circuitos cerebrais e na quantidade de neurotransmissores que estão alterados em razão do quadro.
Com tratamento adequado, bem executado e bem orientado pelo psiquiatra, o antidepressivo vai ter grande utilidade para que o paciente deprimido volte a ter sua vida normal, sem o sofrimento psíquico.
Mudanças de hábitos que levem o indivíduo a ter períodos de sono regulares, alimentação saudável e prática regular de atividade física são importantíssimas. Aliás, atualmente é do conhecimento amplo os benefícios dessas práticas para o cérebro.
Agora você já sabe um pouco mais sobre depressão e pode entender melhor a diferença entre esse quadro clínico e a tristeza. Continue acompanhando as publicações do blog para trocarmos mais ideias sobre outros temas, ok?
Dr. Delano Freire – Psiquiatra – CRM 206018 – RQE 81520